O discernimento é uma capacidade. Mais precisamente, a capacidade de diferenciar com critério entre fatos e suas razões. Poderíamos até ousar dizer que discernimento seria uma maneira de exercer o bom senso em sua visão mais completa. O escritor e dramaturgo francês Jean Cocteau dizia que discernimento é saber até onde se pode ir.
A capacidade de discernir é um aprendizado que nos leva a entrar em sincronia e agir de forma justa e equilibrada. Assim, somente discernindo conseguiremos viver o dia a dia compreendendo a justiça e a injustiça, o amor e o ódio, a alegria e a tristeza, a felicidade e a infelicidade.
Ao utilizarmos o discernimento, estamos colocando em compartimentos separados os fatos em si e o significado que damos a estes fatos. Para isto, é fundamental que estejamos conscientes das nossas interações mente-corpo. Ou seja, à maneira como captamos os estímulos do meio ambiente que chegam até nós e como absorvemos estes estímulos, transformando-os em percepções e opiniões acerca deste fato.
Poderíamos entender da seguinte maneira.
Recebemos INFORMAÇÃO. Submetemos esta informação aos nossos padrões intelectuais e de comportamento, transformando-a em CONHECIMENTO. Com base neste conhecimento obtido e potencializado, passamos teoricamente a contar com mais recursos disponíveis para fazer nossas escolhas, preferencialmente com discernimento.
O discernimento seria o tempero essencial para conseguirmos transformar o conhecimento em SABEDORIA.
E é por isto que é equivocado imaginar que podemos fornecer conhecimento ou discernimento a alguém. O máximo que conseguimos é dar informações. Sempre, tudo que nos chega através dos sentidos, por imagens, sons são apenas informações. E esta informação só é transformada em conhecimento se quem está recebendo a informação, mobilizar a atenção para processar a informação de maneira adequada, capaz de fazer com que a mente crie ou reforce neuro associações no cérebro para sedimentar este aprendizado.
Particularmente, conheço pessoas que não têm nenhum diploma e são extremamente sábias. E outras que possuem uma formação acadêmica imensa e são absurdamente ignorantes. E são assim justamente por viverem inebriadas e vaidosas com este conhecimento e não fazerem dele algo útil. Mas felizmente há pessoas que conseguem conciliar os dois polos.
O problema é que as pessoas confundem informação com conhecimento e conhecimento com sabedoria. Mas eles não são a mesma coisa.
Informação e conhecimento não bastam. É fundamental que consigamos colocar este conhecimento em prática de maneira ética, equilibrada, justa e correta à disposição da sociedade em que vivemos. Agir com sabedoria. E o fator para que esta equação seja concluída de forma correta se chama discernimento.
Autor: José Carlos Carturan Filho